terça-feira, 20 de setembro de 2016

as mãos e a cara


pendido sobre os galhos do pé de abiu,
eu menino voava, flutuando em torno da árvore,
tudo isso é mais que verdade,
eu vivi isso, não há sombra de dúvidas,
eu estive solto no ar, meu corpo físico etéreo,
esteve nas grimpas dos ares,
e eu ainda não tinha dez anos,
na real, nenhuma idade,
nenhum motivo para encontrar duvidas,
blake via anjos nas árvores,
eu sou um desses anjos,
um desses forasteiros,
o vento que se escondeu dentro da arca,
a joaninha nas folhas do tomateiro
minha mãe perto de ter mais um menino,
meu pai pelas ribanceiras de pernambuco,
vovó eugênia movendo-se com os gatos
pelo quintal da minha eternidade,
nas varandas das casas dos botões das roupas
( que ela, minha avó fizera )
que eu e meus irmãos usamos no carnaval
tudo na jacarepaguá de ontem,
da rua de barro vermelho,
dos cavalos e das carroças do ferro velho garrafeiro,
do carvoeiro dono da carvoaria da rua doutor bernadino,
rua essa, lar de meus avós maternos
e de algum momento da feira de domingo
onde eu fazia carretos, levava compras a preços módicos
para a casa das pessoas,
para com o dinheiro comprar pintos e codornas
para enfeitar o viveiro de minha casa de chocolate
tudo no ontem, o hoje conta outras viagens,
outras sonoras cartas riscadas com os pés,
com as mãos e a cara
( edu planchêz )

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