sexta-feira, 29 de julho de 2016

IMAGENS


Brada Artaud: "Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito.
Não concebo uma obra de arte dissociada da vida."

O espirito turvo me espreita,
compreende que sou um podre, algo fedegoso,
sem ética,
capaz de nesse hoje de estragar meu néctar
comendo imagens;
e dizem para minha mulher que sou o louquinho da turma,
e dizem para os meus irmãos que estrangulo formigas,
que rolo pelas ruas do Rio de Janeiro nu e sem cérebro,
pedindo esmolas, explorando pessoas
Eles querem minhas palavras mas não me querem,
como não queriam Artaud e Torquato Neto,
a criação e a inteligencia é repudiada,
mas eu não sou vitima,
não pousarei de enforcado,
não esperem isso de mim,
os valores desse tempo e da maioria dos que nele vivem,
não sobem mais em árvores,
não partem rumo ao Himalaia de todos sonhos,
por vezes me pergunto, o que faço ainda nessa Terra?
Acha você que abandonei tudo
assumindo todos os risco
de ser um animal poético ( solto no escuro )
para a essa altura cuspir na minha própria cara?

( edu planchêz )

quinta-feira, 28 de julho de 2016

aos poetas


aos poetas, tudo que eu mereço, nesse espaço,
nesse quadrante, por essa ala coberta de sal marinho,
de astucias e reinos de fadas
( poema em construçâo )
em construção, abri páginas escandalos,
páginas que magoam o meu amor,
mas que fiquem essas páginas no silencio,
no esquecimento, na lição de voltar ao que já foi,
nunca mais para não matar o meu amor,
a minha pérola blues das profundezas
( poema em construçâo )


( edu planchez )

na luz, na nata


noutros reinos não usaria essa saia de fogo
para vosferar palavras cegas
por toda a mira da substância equivoca
da cidade
que come os lábios
da arte que urina rostos

sobre o ronco da mesma arte
não prego os olhos nem as tetas,
apenas me abrigo nas dobras da areia
vertente de sinais
meu sino de matéria solar
acena o tempo todo,
refaz o trajeto que marca
a eterna passagem de cada um
por essa terra
e não escrevo mais que algumas silabas,
mais que vários vocábulos
e alguns adjetivos
na luz, na nata

 ( edu planchêz )

quarta-feira, 27 de julho de 2016

gramofone


eu reino nas colunas do palácio
de meu amor que ora toma chá
de cascas de romã
e da argila movo a forma,
a taça, o copo,
o corpo, a nova lua
nos altares das árvores cabeludas,
deposito o embrião
que a maquinaria da noite espalha
não me condene,
antes das duas estarei pronto
para lustrar teu rosto,
tua cintura,
a alma de teus pés,
o gramofone vertido em beijo

( edu planchêz )

limo


em estado de vento,
me arrumo entre os pássaros do realejo
coberto de sobras e olhos,
rabiscos, gravetos e folhas
em estado de orbitas tontas,
debruço-me sobre o muro,
sobre o limo sobrevivente,
nas labaredas...

 ( edu planchêz )

segunda-feira, 25 de julho de 2016

cavidade

         ( ao meu parceiro Vicente Estevam II )

alquimia intensa, 
mestria das coisas nas coisas,
cores por dentro de cores,
cores por fora de cores
cavidade

( edu planchez )

eu...


eu que já nem penso,
entendo ser de luz e água,
de ferro e eletricidade,
o pelo do ouro
que ouro é esse?
me responda

( edu planchêz )

lógica...


vocês querem ordem, significados, lógica,
e eu não estou dizendo nada,
absolutamente nada,
nenhum reflexo de qualquer algo,
me comunico não me comunicando,
pedra sobre pedra no estômago da hidra,
voo rasante nas carnes do tempo,
relógio movendo-se no muito além


 ( edu planchêz )

quarta-feira, 20 de julho de 2016