sexta-feira, 30 de setembro de 2016

cruz na xota


artur azevedo
devia ser enforcado
e jogados aos jacarés do valão,
o filho da puta renegou a música
de chiquinha gonzaga,
um mero covarde
perdido no tempo da estupidez
muito antes de madonna enterrar uma cruz na xota,
chiquinha gonzaga já havia enterrado a cruz da hipocrisia
na xota sagrada da alma do planeta gente

( edu planchêz )

sou um homem lindo

quatro mil oitocentas e trinta e sete pessoas
( povoam meu face),
um poeta cantor do meu quilate,
é ignorado pela maioria delas,
morte em vida, inveja, preconceito?
escrevo e canto para mim mesmo,
e foda-se que você não gosta,
como diz meu irmão João Marcelo,
"cago pra todos'',
mas quem não me conhece,
sabe que não é bem assim
sou um homem lindo mesmo,
minha mulher é uma princesa,
meu filho, apolo,
vou reclamar de que?

( edu planchêz )

no pretos pêlos da boa sorte


medo de receber uma carta de matéria estelar
durante os próximos capítulos
das reinações de narizinho,
das reinações de edu planchêz
e catarina crystal no planeta lama,
no planeta planta flor de cânhamo
( não medo, prazer,
o amor flutua, flutua nas folhas
de matéria estelar é o sino, o seio,
o selo que usamos para brindarmos
os muitos quilates de vida cor de amêndoa,
cor de tamarino e sapoti no capim,
nos pretos pêlos
da boa sorte

( edu planchêz )

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

cidades de mentira


minha alma geotérmica,
o artista de mim sopra a flauta,
a fruta das notas anormais
das canções genéticas
acolhidas pelos tímpanos,
pelas orelhas dos espíritos
das árvores
o homem se arrasta
por dentro dos tubos
do vento aquático
acolhido pela terra
das ruas do mato
nas ruas do mato
não corro,
afugento do sangue
com ronco das areias
as dores emergidas
pelos tremores das cidades
de mentira

( edu planchêz )

Acendo meu porro

Acendo meu porro
para ver a chama de minhas membranas
subirem pelas paredes,
pelos pés das ruas,
distante bem perto
das casas de meu pai sonoro fogo
Acendo meu porro
acrescido de linhas de cores solidas,
de artes fumegantes,
de professores mentais,
de artistas ovulados pelas nuvens

( edu planchêz )

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

de leite e chocolate

acho que só quero uma vida normal,
café, leite na taça da cama,
tudo longe da multidão,
longe do assedio,
dos lobos, ratos, ursos e raposas...
não suporto mais elogios, palmas, 
abraços tendenciosos

não passo de um ser comum,
sertanejo, mouro, selvagem, rude...
que minha cama seja uma esteira,
uma rede de junco,
os braços de minha ama
de leite e chocolate

( edu planchêz )

terça-feira, 20 de setembro de 2016

para os centauros e para as bestas


pássaro de fogo, pássaro de magma borbulhante, 
há mais de um bilhão de graus centigrados da superfície, 
nele estou, nele está,
sorte, a morte, o intervalo entre duas existências, 
entre um gole e outro, entre duas tragadas no cigarro


régio incêndio que eu mesmo maculo e maculo,
além das tragédias, da trágica golfada do sax,
do romântico aço da espada, do fel dos que se abrem,
os que jamais fecham suas portas,
para os centauros e para as bestas

( edu planchêz )

as mãos e a cara


pendido sobre os galhos do pé de abiu,
eu menino voava, flutuando em torno da árvore,
tudo isso é mais que verdade,
eu vivi isso, não há sombra de dúvidas,
eu estive solto no ar, meu corpo físico etéreo,
esteve nas grimpas dos ares,
e eu ainda não tinha dez anos,
na real, nenhuma idade,
nenhum motivo para encontrar duvidas,
blake via anjos nas árvores,
eu sou um desses anjos,
um desses forasteiros,
o vento que se escondeu dentro da arca,
a joaninha nas folhas do tomateiro
minha mãe perto de ter mais um menino,
meu pai pelas ribanceiras de pernambuco,
vovó eugênia movendo-se com os gatos
pelo quintal da minha eternidade,
nas varandas das casas dos botões das roupas
( que ela, minha avó fizera )
que eu e meus irmãos usamos no carnaval
tudo na jacarepaguá de ontem,
da rua de barro vermelho,
dos cavalos e das carroças do ferro velho garrafeiro,
do carvoeiro dono da carvoaria da rua doutor bernadino,
rua essa, lar de meus avós maternos
e de algum momento da feira de domingo
onde eu fazia carretos, levava compras a preços módicos
para a casa das pessoas,
para com o dinheiro comprar pintos e codornas
para enfeitar o viveiro de minha casa de chocolate
tudo no ontem, o hoje conta outras viagens,
outras sonoras cartas riscadas com os pés,
com as mãos e a cara
( edu planchêz )

a fumaça marela saia das meias de tecido sintetico

a
a fumaça amarela saia das meias de tecido sintético
que tive que queimar para tentar afugentar os mosquitos
que me atormentavam naquele banheiro de posto de gasolina
que tive que dormir 

para não ficar exposto aos perigos da estrada,
da rio-são paulo, era noite e eu estava sujo e com muita fome,
nenhum tostão nos bolsos,
apenas a vontade de chegar a são josé dos campos
para me livrar da desnutrição ( na casa de meus pais )
por uns quinze dias, para logo após voltar para o rio de janeiro
das minhas alucinações saborosas


( edu planchêz )

terça-feira, 13 de setembro de 2016


das vertigens


ela não tem a dinamite da mãe, falo de maria rita,
falo de minha irmã bunda ( a minha ),
de vossa capacidade de odiar tudo que escrevo,
das muitas tetas que tenho,
da vagabundagem nossa,
da mulher que come baobás pela raiz,
do homem lobo,
do chamado selvagem,
das vertigens 


( edu planchêz )

o cu do céu


porra, eu estou dopado pelo poeta que sou
e não sou, mas foda é foda,
e eu sou a foda,
vá se foder, vamos nos foder,
porque a foda nos apinha de estrelas de fodas,
e estrelas de fodas nos prometem
armar tendas de gelo sobre o cu do céu



( edu planchêz )

da fatia amarela do osso que queima


minha irmã alma nunca se desgruda 
de tua irmã alma,
mesmo que eu não seja mais gente, 
nada que signifique nada,
tenho na matemática e não tenho na matemática
as ferramentas para poder ser lembrado e esquecido
achava que sabia o que queria, passei anos assim,
acreditei ou acredito ser uma espécie de bob dylan,
mas nada sou mesmo, as ruas sabem disso
e não sabem...continuo...continuarei...
a derrota não cabe nos meus tendões,
no meu peito
em todos os países
possuo mãos, afetos, intenções,
vontades de viver e morrer
( estou falando a verdade? )
a que altura da vida um homem
deve ou não deve sumir,
desaparecer para sempre?
mas como não me curvo ao mercado, 
ao marcado,
desdigo quase tudo que escrevi acima,
e voltarei para as ruas ( nunca às abandonei ),
assim o foi com zaratustra,
as vozes mais intimas de josé régio
voltam a gritar em meus tímpanos,
se tenho os pés estraçalhados
pelos dentes do chão,
os tenho por opção;
depois de passar pela grande noite da alma,
ou estar saindo dela,
me resta prosseguir rasgando-me
rasante pelas brisas e tormentas,
pelos planaltos em chamas
reverter em saúde a doença
da escravidão
que herdei dos antepassados
a grande águia, o magnífico condor,
a rã do meu sono balsâmico,
são estruturas da pirâmide
do que posso e não posso,
da luz das esgrimas,
da fatia amarela do osso que queima

( edu planchêz )

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

fogo anfíbio


depressão
que se revira
nos condados
que são soro sol
eu,
vermelho homem
ungido de carnes-nebulosas,
de pratas avulsas
jogadas por ninguém,
nos lábios,
nas covas do corpo do fogo anfíbio
remadores
dentro de uma bolha,
de amor,
rodas vistas
por olhos transmutados
em mãos,
água,
torrentes douradas
de linho cru

( edu planchêz )
rio de janeiro, cidade de tudo e de todos os arte-fatos

piaf-matrix


os ovos devem ser comidos 
ou devolvidos a suas mães
( Allen Ginsberg )
Catarina Cristal, Amarelinho da Cinelandia
Rio de Janeiro,
o novo cordel em mandarin
de mi-la-ô ao hj,
o poema da raça semem
de minha sabia mão de escrever e tocar,
tal qual a tua,
mestre
eu ali, junto da minha mulher destinada,
da visionária das ruas,
a nova voz,
piaf-matrix

( edu planchêz )

ogros


ogros circulam pelas ruas sonoras 
do rio de janeiro,
sou um deles,
sou da raça preta, sombria, 

subterrânea no melhor dos sentidos
no ramo do negócio aéreo. 
sou parte atuante na maquinaria,
no motor do tudo ver,
do mergulho de cabeça 

nas tramas das sete luas,
andanças feitas na noite que ela canta,
e eu canto, no mais sublime,
nas confissões valentes das vozes de meu amor

 ( edu planchêz )

terça-feira, 6 de setembro de 2016

mulher da ouro dinastia


eu nas narinas da esfinge,
atado ao vácuo inexistente,
entre teu corpo de alegrias e o meu,
entre tua fome de musica e a minha


do alto da pedra, do arpoador,
vimos o vão, a água de sal zunindo
nas esculpidas pedras
desse hoje que te amo tanto

nos aros das linhas dos pescadores
da firme noite de todas esperanças,
eu e você, ali na cabeça do sentimento,
observando a ancestralidade do mar,
ancestralidade do sempre estar juntos

mulher da ouro dinastia,
do peixe lírio delirante,
das mãos e dos lábios,
do sol e do céu,
querida

( edu planchêz )

casas da lua

alface acesa, tua face,
teus anjos entumecidos,
haste da flor que esteve na frança,
nas folhas do trigo
e eu vento ruivo,
uva líquida,
ela líquida,
água gelatinosa
clara canção,
clara selva na vida do olho
invenção,
super nova amotinada
nas casas da lua
( edu planchêz )